Ode ao Sol





O meu corpo mole perde-se no que pareces.
Rezo as minhas preces
numa ode ao Sol
porque gosto de olhar para com quem falo.
E se Ele não me ouve é porque me calo.
Manda-me esquecer o que houve
e lembrar-me do que ainda não existiu,
o que ainda ninguém viu.
E prevê o que ninguém vê nem adivinha.
Mas a alma é minha
e não lhe presto atenção:
perco tempo a pensar se devia.

Está um tempo de merda.
O não se ver o Sol é a grande perda.
Não lavo a cara,
os olhos são do dia anterior
porque a cafeína esta cara.
Noto nos dedos um ligeiro tremor,
neste escuro que é um horror.
E não há maneira de almoçar sem aleijar a carteira.
Fico com fome, mole,
a levantar a cabeça
à espera do Sol
que pode ser que me aqueça.

Sem comentários: